Considerado em estado de calmaria, após anos seguidos de alta, o setor da construção civil é avaliado por especialistas.

Ribeirão Preto apresenta grande oferta, com imóveis recém entregues à espera de venda, outros em fase de construção e, pelo menos, seis novos lançamentos de edifícios residenciais até dezembro próximo.

Lidar com estoques elevados é o desafio das empresas do setor. Com as vendas em baixa e a redução no nível da atividade econômica, fala-se em um momento de calmaria. Mas, independente de quem vencer a eleição presidencial, a retomada dos negócios deve ocorrer e o mercado poderá voltar a se aquecer. Essa é a opinião da maioria dos economistas e especialistas de mercado ouvidos pelo A Cidade.

Porém, alguns acreditam que a melhora só é possível a partir de um novo ciclo de crescimento da economia; já outros entendem que a demanda por imóveis não deve ser alta e a perspectiva é que esse mercado desaqueça em todo o país.

As perspectivas são diferentes e reafirmam a cautela do comprador e das incorporadoras em investir no setor imobiliário. Há demanda no mercado e há oferta de crédito. Mas, também há baixo crescimento do país, elevada inflação e taxas altas de juros.

Confira abaixo as respostas dos economistas e especialistas de mercado para a questão: qual o impacto da definição das eleições sobre o mercado de imóveis de Ribeirão Preto?

A definição das eleições no próximo domingo ajudará a reduzir as incertezas, avaliam os especialistas. Confira:

Edgard Monforte Merlo, economista e professor da FEA-RP/USP:
‘Os imóveis também podem ser considerados investimentos. Apenas com uma liquidez menor, assim sendo geralmente adquirem um papel conhecido como reserva de valor. O período que antecede uma eleição gera uma insegurança passageira que pode se refletir em especulações em bolsa de valores e outros ativos, com maior liquidez. No caso dos imóveis essa tendência não se verifica dada a sua baixa liquidez.
Após as eleições a tendência é de redução de incertezas e a tendência normal é que se reduzam as especulações e a volatilidade em papéis de maior liquidez (ações e alguns investimentos de renda fixa).’

Alberto Borges Matias, professor da FEA-RP/USP:
‘O mercado imobiliário tem seus negócios afetados pela perspectiva que os compradores têm das condições do mercado - lançamentos, financiamentos, rentabilidade, nível de emprego, nível de inflação - e de seu próprio bolso - se a prestação ou o valor cabem nos recursos financeiros que serão gerados - para os próximos anos.
A partir da definição da eleição e da apresentação de projeto de governo para os próximos anos, o mercado voltará a aquecer, não nos níveis elevados em que se encontrava, mas sim em nível normal de crescimento.’

Antônio Marcos de Melo, delegado do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-SP):
‘Há um sentimento de cautela, esperando o que vai acontecer. Entendo que não somente no nosso segmento, como em todos os outros, há cautela por parte das incorporadoras e construtoras, como por parte dos investidores e compradores. Embora os negócios estejam acontecendo. O mercado não para, ele segue em frente.’

Luciano Nakabashi, economista e professor da FEA-RP/USP:
‘Ainda vejo um ano difícil para o mercado imobiliário de Ribeirão Preto e do Brasil em 2015, e o ajuste das incorporadoras (redução dos lançamentos) é fundamental para que o preço dos imóveis não fique estagnado ou mesmo acabe sofrendo uma redução. Somente a partir de um novo ciclo de crescimento da economia é que as condições para o mercado imobiliário criarão possibilidade de melhora.’
Fred Guimarães, economista da Associação Comercial e Industrial (Acirp):
‘A expansão imobiliária na cidade depende muito mais do crescimento e avanço da nossa economia e da região, do que do resultado propriamente dito das eleições. Isto porque, independente de quem ganhe a eleição, a trajetória de baixo crescimento do país, de elevada inflação e juros dificilmente será revertida no curto prazo.’

Alexandre Nicolella, economista e professor da FEA-RP/USP:
‘Com os preços altos dos imóveis e a perspectiva de políticas econômicas mais amargas, independentemente dos resultados da eleição, adiar por alguns meses a decisão de se comprar imóvel pode ser prudente. Com isso, a demanda por imóveis não deve ficar alta e a perspectiva é que o mercado desaqueça.’

Dirceu Tornavoi de Carvalho, professor da FEA-RP/USP:
‘A indefinição acerca das ações do futuro governo, em especial nas áreas de inflação, taxas de juros, investimentos públicos e crescimento da economia faz com que decisões com impacto de longo prazo, como o setor imobiliário, sejam adiadas até que haja mais clareza.’

Nelson Rocha Augusto, economista e presidente do Banco Ribeirão Preto:
‘A economia internacional está em um momento muito difícil e com dados ruins sendo apresentados. O Brasil também não está em um bom momento, com inflação alta, situação fiscal não equilibrada e baixo nível de confiança. Mas no mercado imobiliário existem muitas boas oportunidades, oferta alta e crédito em abundância. Por isso, acredito que no momento em que tivermos inflação sob controle e economia estável, as expectativas mudarão e a tendência é ter uma melhora no ritmo de vendas. Mas, vale lembrar, que não deverá ser um salto muito grande, devido à economia internacional.’