Com desemprego, crise e inflação em alta, quem paga aluguel sente as despesas gerais aumentarem mensalmente. Negociar o valor da moradia pode ser opção, pois a oferta de imóveis é grande na região. Uma pesquisa do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP) aponta que o valor do aluguel residencial vem caindo. Na Capital, nos últimos 12 meses, a queda foi de 1,8%. No mesmo período, a inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) subiu 6,97%.

Para o diretor regional do Secovi-SP na Baixada Santista, Carlos Meschini, a região tem grande oferta de imóveis para alugar, o que pode facilitar a negociação entre proprietários e inquilinos. “Tivemos muitos lançamentos imobiliários nos últimos anos, e muita gente não conseguiu pagar (o financiamento). Isso fez aumentar o estoque para locações”.

Meschini afirma que, com mais imóveis para locação, a tendência é a queda nos valores. “São as negociações momentâneas, em que, para não ficar com o imóvel parado, proprietários acabam aceitando propostas”.

Para aqueles que têm contrato prestes a encerrar, pode ser o momento de conversar com o locador para obter melhores condições no aluguel. O dono da casa deve considerar se o inquilino é bom pagador e se compensa ficar com espaço vazio por algum tempo, deixando de receber o pagamento e ainda tendo que arcar com despesas como condomínio e de impostos.

Melhor do que vazio

O medo de ficar com o apartamento mobiliado desocupado por muito tempo, pagando todas as contas do local, fez com que Adriana Minhoto pensasse na redução do valor assim que o inquilino deixou o imóvel. “Foi muito difícil alugar no ano passado, mas, neste ano sinto que está pior. Não tem tido procura”, lamenta.

Especialista em Direito Imobiliário, o advogado Antonio Sérgio Aquino Ribeiro alerta que, para deixar o imóvel, a pessoa tem de pôr tudo no papel. “Se num contrato de três anos a pessoa já cumpriu uma parte e acha um apartamento R$ 1 mil mais barato, tem que considerar o valor da multa contratual, quanto gastará para mudar e as adaptações necessárias para essa mudança. Somando tudo, se o valor do contrato atual for superior, financeiramente vale a troca”.

Uma dica que Ribeiro dá para quem não tem interesse de sair de onde está e que não conseguiu negociar com o proprietário é tentar uma ação revisional do aluguel.
Por lei, quem mora há mais de três anos no imóvel pode pedir a revisão do valor cobrado. “Mas, quando esse contrato acabar, a pessoa corre o risco de o locatário pedir o imóvel de volta”, adverte Ribeiro.

Se a opção não é partir para ação judicial, mas negociar com o proprietário, o ideal é que o inquilino se prepare para isso. Buscar imóveis semelhantes ao que está para ver preços e condições é importante.

Outro ponto que pode contar a favor é o histórico de bom pagador. “O locatário não vai querer perder um inquilino que sempre pagou bem. Ele pode ter uma situação que compense menos, ganhando 0,4% do valor do imóvel, ao invés de 0,7%, mas não terá problemas”, analisa Meschini. “O importante para as duas partes é ter bom senso, para que o negócio seja bom para todos”, analisa Ribeiro.