A procura já foi tanta que elas mal repousavam sobre as fachadas dos prédios. Hoje, as placas de “vende-se” são um reflexo do desaquecimento do mercado imobiliário: acumulam-se nos muros e postes e disputam entre si a atenção de quem passa. Ruim? Não para o comprador. Mesmo com um cenário econômico pouco animador, a queda no ritmo de vendas e a estabilização dos preços dos imóveis devolveu ao consumidor o poder da barganha. O momento agora é ideal para quem souber aproveitar as melhores oportunidades.

As estratégias para conquistar os consumidores são muitas. Nos últimos meses, as construtoras vêm oferecendo vários tipos de promoções, de abatimento direto no valor da compra a mobília grátis. “Antes quando se lançava um prédio, com uma semana acabavam todas as unidades. Com tantos compradores, não havia razão para aceitar negociação. Agora a situação mudou. Hoje o momento é do comprador”, confirma o diretor da VR Consultoria Imobiliária, Marcos Ventura.

Cabe, portanto, ao consumidor explorar a seu favor o que o mercado mais “manso” tem a oferecer. O principal é avaliar a própria situação. Já que o momento é bom para negociar e comprar, mas a situação econômica não é estável, a ideia é se endividar o mínimo possível. “O ideal é tentar fechar o negócio com o menor preço que conseguir. Para quem já tem um usado, a opção é fazer a troca; se há condições, fazer um esforço para fechar à vista. Vale até entregar o carro já quitado e financiar um novo, já que os juros do financiamento de automóveis estão muito abaixo que os do imobiliário”, aconselha Ventura.

Com a restrição maior do financiamento para os usados e as facilidades oferecidas para adquirir lançamentos, os novos se mostram mais atrativos para os compradores. “Ainda existem muitos proprietários resistindo a baixar o preço do imóvel usado. É muito mais fácil para uma construtora, que trabalha com o negócio, ser mais flexível e dar condições sem baixar tanto o próprio rendimento do que uma pessoa que só tem um imóvel para vender querer abrir mão do ganho”, explica a corretora Edneide Carvalho.

Para novos ou usados, é fato que o cenário atual é mais favorável do que o auge do aquecimento, entre os anos de 2012 e 2013. Mas o bom momento não significa que o consumidor pode descuidar de detalhes básicos e atemporais, como verificar a idoneidade da empresa com quem está negociando, fazer um planejamento do orçamento a longo prazo, pesquisar bastante e se informar.

“É preciso se conscientizar sobre a incerteza que existe na economia, a renda em queda, os níveis de desemprego subindo. Se comprometer com um financiamento a longo prazo diante desse contexto é complicado. É preciso estar disposto a abdicar de áreas mais privilegiadas a favor de outras que tenham um desconto maior. Aí sim pode ser uma situação favorável”, sugere a coordenadora de estudos da construção civil da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ana Castelo.