Aproximadamente 480 mil trabalhadores da construção civil perderam o emprego no País nos últimos 12 meses. Até o final do ano, outros 300 mil podem ter o mesmo destino. É o resultado da retração no setor, causada pela crise política e econômica.

Para o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), o maior problema é o pessimismo, ou seja, a falta de confiança para investimentos. Diante das notícias de crise, mesmo quem tem dinheiro e pretendia comprar um imóvel desiste, e o construtor também pisa no freio.

Em visita à Redação, os vice-presidentes do SindusCon-SP, Haruo Ishikawa e Roberto José Falcão Bauer, e o diretor regional, Ricardo Beschizza, criticaram o Governo Federal, mas acham que os empresários precisam reagir.

“Tenho empresa pequena em São Paulo e estou lançando um prédio. As empresas não podem pensar só em notícias ruins. É necessário manter as vendas, a motivação do mercado. Mostrar que o setor não está parado”, diz Ishikawa.

Para Bauer, é preciso evitar o pessimismo exagerado e “ter motivação para manter a equipe, a coesão das pessoas e foco. Manter onde é possível e tentar reverter essa posição (crise). É fácil falar ‘vou cortar, fechar’, ‘vou para Miami’”.

Cobranças

Os sindicalistas condenam o aumento de impostos e afirmam que a maior oneração da folha de pagamento prejudica o setor – o Governo retirou a diminuição de tributos.

A construção civil inclui obras públicas e programas em parceria com governos. A falta de pagamentos da União para construtoras que atuaram no programa Minha Casa, Minha Vida é outro agravante.

“De mais de 4 milhões de contratos que fizemos na faixa 1, entregamos 2,6 milhões (de unidades). Ainda tem 1,7 milhão que não sabemos quando vamos entregar, porque o dinheiro não vem. São moradias que custam em torno de R$ 120 mil, para famílias que ganham até R$ 1,6 mil. O Governo subsidia 90%”, comenta Ishikawa.

Emprego

A construção civil foi a área que mais perdeu empregos no Brasil. Em 2014, eram 3,5 milhões de trabalhadores, hoje são 3,1 milhões. A estimativa é chegar a 2,7 milhões em dezembro, mesmo patamar de 2008.