Os impactos com a mudança na remuneração do FGTS serão mais “suaves” do que as construtoras pensaram no início, mas nem por isso não devem ser motivo de preocupação. Embora os efeitos mais pesados devam ser sentidos a partir de 2018, ontem algumas das ações mais expostas ao risco - ou seja, aquelas voltadas a baixa renda - foram pressionadas na Bolsa, caso da MRV (MRVE3), que chegou a cair 4% na mínima do dia e fechou em queda de 0,74%. Direcional (DIRR3) e Gafisa (GFSA3) também foram afetadas, a primeira chegou a recuar 6% e fechou em queda de 5,7%, já a Gafisa chegou a cair 2,6%, mas fechou em leve alta de 0,4%.

O movimento ocorreu após a Câmara dos Deputados aprovar, na noite da terça-feira (18), as alterações na remuneração do FGTS (Fundo de Garantia de Tempo de Serviço), que vai aumentar a TR (taxa Referencial), atualmente em 3% ano. A elevação, no entanto, veio de forma mais suave do que se esperava, o que trouxe um sentimento mais neutro para o curto prazo. O aumento vai acontecer de maneira escalonada, começando com 4% em 2016, 4,75% em 2017, 5,5% em 2018 e a partir de 2019, 6,17%, o mesmo que os depósitos de poupança.

A mudança foi menos grave do que o estimado, já que será feita de forma escalonada. Por conta disso, o BTG Pactual acredita que, no curto prazo, os impactos serão “insignificantes”, citando ainda o fato de que o “Minha Casa, Minha Vida” receberá 60% dos lucros do FGTS como subsídio. Mas a partir de 2018 os efeitos sentidos poderão ser mais negativos para as construtoras de baixa renda como MRV, Gafisa e Direcional, já que aumenta em quase 30% os pagamentos médios de hipoteca, o que reduz a elegibilidade de quem pretender financiar a casa, e aumenta a taxa de empréstimos, dificultando a adaptação aos novos critérios pelos compradores das casas.

As alterações ainda serão votadas, e podem ser alteradas, pelo Senado e pela presidente Dilma Rousseff (PT). Para o BTG, a proposta pode ser vista como um “péssimo cenário” para as construtoras brasileiras, considerando que tanto o Senado quanto a presidente, reiteraram seu apoio ao programa “Minha Casa, Minha Vida”, cuja parte do fundo de subsídio é o FGTS.